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Aventarei-me

Dezembro 19, 2013

aventar

A partir desta data também andarei pelo Aventar. Este blog colectivo era um projecto que tinha tudo para dar certo, até ao dia em que me convidaram para participar.

A estreia foi com “Libertem o Willy“.

ferreira do amaral
“Libertem-nos dos Willies” talvez fosse o título correcto. Continuando.

Pela nossa e, principalmente, pela saúde dele, libertem o Ferreira do Amaral desse contrato com a Lusoponte ou aquilo ainda vai acabar mal. Quando ouço o tipo que está primeiro-ministro falar em “gorduras do Estado” é sempre esta imagem que me vem à cabeça. A sério, estou muito preocupado com o colesterol do homem (ainda por cima vem aí o Natal, as rabanadas, filhoses…). Parem lá de pagar aquela ponte que já foi paga umas três ou quatro vezes.

Aquilo já não é uma ponte, aquilo é o transiberiano, são milhares de quilómetros em pagamento. Olha, faz sentido, às tantas, foi assim que os chineses cá chegaram para comprar a última fatia da EDP. Isto anda tudo ligado (por cabos eléctricos e não só). Afinal o homem é um visionário. Antecipando a crise que aí vinha (ou não fosse ele um dos culpados), mandou construir uma ponte de Lisboa a Pequim, prevendo que seria dali que viria o investimento e salvação da Europa. O homem é um génio.

Outra. Andaram durante anos a caluniar o ministro das Obras Públicas do governo presidido, então, pelo okupa de Belém, dizendo que as auto-estradas não serviam para nada e, mais uma vez, o homem estava adiantado. Prevendo a crise que aí vinha (já disse isto, eu sei, mas é para reforçar), ele sabia que iam ser usadas pelos habitantes do litoral para se instalarem novamente no interior. Sim, porque a agricultura portuguesa está em plena expansão (pelo menos é o que diz a Nossa Senhora, perdão, a Dr.ª Cristas) e, para tal, é necessário uma boa rede rodoviária para fazer o escoamento de milhares de toneladas de produtos hortícolas produzidos pelos nossos novos pioneiros (ou em linguagem governativa, “empreendedores”).

Agora, estava aqui a pensar na exportação destes produtos hortícolas. Será que os submarinos comprados (não sei se este verbo é o correcto, depois vejo isso) pelo irrevogável vice têm uma boa arca frigorífica? É que podíamos usá-los para transporte no apoio e incentivo à exportação. Sempre se evita o trânsito e os bloqueios constantes dos camionistas franceses. Este meu espírito empreendedor um dia ainda vai dar frutos.

Voltando à vaca fria (as expressões portuguesas às vezes…), é assim que imagino a celebração do contrato da Lusoponte entre o ministro Ferreira do Amaral e o engenheiro Ferreira do Amaral. Sozinho no seu gabinete, o ministro está sentado à secretária e do outro lado uma cadeira vazia.

– Sr. Engenheiro, já redigi o contrato, está prontinho a assinar. [Levanta-se e ocupa a cadeira à sua frente]
– Sr. Ministro, muito obrigado pela gentileza, é um prazer fazer negócios com sua excelência. [Levanta-se e ocupa a cadeira à sua frente]
– Sr. engenheiro, o prazer é tudo meu. Mesmo! E não se preocupe, este negócio está blindado. Quem vier ocupar esta cadeira, se quiser denunciar este contrato terá de pagar tantos milhões de indemnização que desiste na mesma hora, ou minuto, vá. [Levanta-se e ocupa a cadeira à sua frente]
– Ó sr. ministro, vossa excelência é um génio. [Levanta-se e ocupa a cadeira à sua frente]
– Eu sei, eu sei…

Qualquer advogado na primeira semana de estágio conseguiria anular este contrato ruinoso com a Lusoponte. Esta negociata é uma das primeiras parcerias público-privadas. Aliás, como este homem é um visionário, antecipando o desenvolvimento da internet, criou uma verdadeira PPP – parceria peer-to-peer. Basta clicar e fazer o download do pagamento. Já está.

Da próxima vez que o tipo que está primeiro-ministro disser que os cortes são necessários, caso contrário, não há dinheiro para salários e pensões, talvez não fosse má ideia lembrar para onde vai o dinheiro dos cortes. Esta é apenas uma delas.

PS. E pronto, foi assim a minha estreia neste espaço. A partir daqui será sempre a descer. Se é que isso é possível. Obrigado aos Aventadores pelo convite.

7 comentários leave one →
  1. Dezembro 20, 2013 00:13

    O que eu acho, honesta e respeitosamente falando, é que o Aventar faliu (sem elegância) e precisa de boa gente que o sustente. Continuarei a ler por aqui, pelo que lhe peço que fale por d’ aqui, isto é, continue à nossa beira, sff, repetindo-se, se lhe aprouver, claro, que não quero obrigar ninguém, pedindo, a nada.

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    • Dezembro 20, 2013 15:47

      Esta é a minha casa, o meu espaço, o meu arquivo. Estarei sempre por aqui.

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  2. anónimo permalink
    Dezembro 25, 2013 10:09

    quando ouço falar em contratos blindados, feitos com um Estado, só me apetece sacar da arma.Simplesmente com sorte, a quinta geração , receberia essa indemnização, e estou a dar de barato que ganhavam a acção.E depois alegava falta de fundos e pagava em prestações, sei lá, igual aos impostos que a família do indemnizado entrega ao Estado.

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    • Dezembro 26, 2013 16:17

      Não, a acção nunca ganhariam, porque alegaríamos insanidade mental, incapacidade para celebrar contratos, logo seriam nulos 😉

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  3. anónimo permalink
    Dezembro 26, 2013 18:10

    Bom, o Ferreira do Amaral, com aquele focinho agora, se fosse de visita a uma casa de doentes mentais, já tinha que provar que era visita na saída-))) e vendo bem, pelo aspecto deles todos era fácil alegar insanidade-)

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