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O livreiro

Novembro 29, 2013

livreiro

O Soliplass voltou cheio de coisas boas. A imagem é daqui.

E agora mais isto:

M.P. – Qual, na sua opinião, o melhor poeta e o melhor romancista da nova geração?

Monteiro LobatoQuem responde a uma pergunta destas merece um bom par de orelhas de jumento. Destacar um entre dez apreciabilíssimos poetas é criar nove eventuais inimigos; e quem faz a mesma coisa entre dez romancistas eleva eventualmente os seus inimigos a dezoito – nove em verso e nove em prosa. […]

E como amanhã se comemora o dia da livraria e do livreiro é que nem ginjas.

6 comentários leave one →
  1. Novembro 29, 2013 18:32

    Mas este homem fez coisas extraordinárias compadre.
    E vale a pena conhecer esta que ele mesmo conta em entrevista a Silveira Peixoto para “Vamos Ler” em 1943 (perdoe-me o extenso da trancrição).Animado pelo sucesso do seu “Urupês”, Monteiro Lobato começa a publicar outros títulos; seus e de outros autores. Mas tinha o problema de os fazer chegar ao público porque, como conta, “havia no brasil apenas umas quarenta livrarias em situação de receber o livro e oferecê-lo ao público”.

    “Mas perdurava a terrível limitação: só quarenta livrarias, só quarenta escoadouros!… Vieram, por fim, o raciocínio e o golpe. “Isto está errado” – disse ao Otales, que já era meu companheiro. “Impossível um negócio desse jeito – assim privado de varejo. Mercadoria que só dispõe de quarenta pontos de venda está condenada a nunca ter peso no comércio de uma nação. Temos que mudar, fazendo uma experiência em grande escala, tentando a venda do livro no país inteiro, em qualquer balcão que exista e não somente em livraria”. Mandamos uma circular a todos os agentes do correio pedindo a indicação de uma casa, de uma papelaria, de um jornalzinho, de uma farmácia, de um bazar, de uma venda, de um açougue, de qualquer banca, em suma, em que pudesse ser vendida esta mercadoria denominada “livro”. Os agentes assustaram-se e responderam. Completando a consulta com outras feitas a perfeitos e o diabo, conseguimos 1200 nomes de casas comerciais recomendadas como relativamente sérias. Redigi então a circular que iria constituir a pedra básica da indústria editora brasileira. Mas não pense que me gabo disso. Eu estava a mil léguas de imaginar o que iria sair daquilo. Não pensei na pátria, não pensei em coisa alguma, a não ser em alargar o campo de venda das ediçõezinhas que andávamos fazendo.
    – Lá foi a circular…
    – Foi e era sugestiva. “Vossa senhoria tem o seu negócio montado e quanto mais coisas vender maior será o lucro. Quer vender também uma coisa chamada ‘livro’? […] Se vender tais ‘livros’ terá uma comissão de 30%; se não vendê-los, no-los devolverá pelo correio com o porte por nossa conta. Responda se topa ou não topa.” Todos toparam e nós passamos dos quarenta vendedores, que eram as livrarias, para 1200 “pontos de venda”, fosse livraria ou açougue.
    – E como o público recebeu isso?
    – Com uma avidez de impressionar. Foi um abalo no país. Algo de fulminante. A procura de livros tornou-se tamanha que não havia o que chegasse. As edições, que antes eram de quatrocentos ou quinhentos exemplares e muito espacejadas, imediatamente pularam para três mil exemplares em média e começaram a sair quatro, cinco, seis e sete por semana.”

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  2. Novembro 29, 2013 20:00

    Lembrava-me disso. São do melhor: esse que refere de Manguel (onde escreve a deliciosa tirada que Pinochet ao banir o D. Quixote – por lhe parecer que incitava à desobediência civil – era o leitor ideal do livro) o outro, o Biblioteca à noite.

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    • Novembro 29, 2013 23:08

      Já não me lembrava dessa passagem. Esse ainda não li, tenho um outro dele à espera na estante, “No bosque do espelho”. Aliás, o Manguel não é para ler é para ir lendo 🙂

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  3. Novembro 30, 2013 20:45

    É natural que não lembre. Desculpe-me a cabeça de vento, fiz confusão. Afinal é do A Reader on Reading: http://yalepress.yale.edu/yupbooks/book.asp?isbn=9780300159820

    Ou: http://ancorasenefelibatas.files.wordpress.com/2011/01/pinochet.jpg

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