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Fim (Aventar)

Janeiro 28, 2014

Tal como disse aqui que tinha iniciado a minha participação no Aventar, comunico aqui o fim dessa participação. O último post foi este:

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António DE Almeida, no exercício da sua liberdade, escreveu o seguinte comentário neste post: “Por acaso eu até defendo o direito à existência dos partidos nazis”

Na altura, nem sequer dei grande importância, afinal “eles” andam por aí a enxamear as caixas de comentários.

No dia seguinte, durante a leitura deste blogue, cruzo-me com um post a elogiar um artigo de Henrique Monteiro ilustrado com uma frase de Milton Friedman. Fui ver quem era o autor do post e reparei que o nome não me era estranho. De seguida, perguntei se era a mesma pessoa. Para minha surpresa, respondeu que sim, era o defensor da “existência de partidos nazis”.

Quando aceitei participar no Aventar já sabia que neste espaço escreviam várias pessoas com ideias muito diferentes uma das outras. E isso agradou-me. Sempre acreditei que da discussão nasce a luz. Mas tudo tem um limite.

A Europa atravessa um período muito difícil da sua História. Ainda ontem tomámos conhecimento de que a extrema-direita está à frente nas sondagens para as próximas eleições europeias. Na Hungria é aquilo que vamos sabendo. Ou seja, eles andam aí e, pelos vistos, também por aqui.

Por isso, por uma questão de princípio, não participarei mais neste blogue. Nunca, jamais, em tempo algum, aceitaria partilhar o mesmo espaço com alguém que defende “a existência de partidos nazis”. Isto é o grau zero da discussão política.

Porque não quis tomar esta decisão de forma precipitada, ainda fui ler os posts anteriores de António DE Almeida. Infelizmente só confirmou a minha decisão.

Já agora, vou aproveitar este parágrafo para sublinhar quanto é irónica esta nossa passagem terrena. Pelo que percebi dos posts anteriores de António DE Almeida, este está (ou estava, não sei) a trabalhar em Angola. Portanto, não deixa de ser irónico alguém que defende “a existência de partidos nazis”, que têm como uma das suas bandeiras o lema “morte aos pretos” (a realidade demonstra que o praticam), estar a trabalhar precisamente no território da Mãe África. Ah ironia!

No entanto, gostaria de alertar que nesta casa, no  Aventar, continua a existir muita gente valorosa e defensora dos mais elementares princípios da convivência em sociedade. E, por isso, continuarei leitor deste espaço plural.

Mais uma vez, agradeço o convite e ressalvo que foi com muito prazer que aqui participei. Mas tenho princípios de que não abdico. Lá está, cada um tem os seus, estes são os meus. Apropriando-me de uma tirada de Marx (não é esse que estão a pensar, é outro) direi, “Estes são os meus princípios. Se você não gosta deles, não tenho outros…”

Continuarei no meu espaço a escrever e a divagar, orientando-me sempre pelos valores em que acredito e defendo diariamente. Ah, e nazis não são bem-vindos, claro…

Parafraseando alguém, “Não gosto de nazis, é uma coisa que me chateia, pá”.

PS. António DE Almeida, como prova de que não pretendo “tirar a Liberdade” a ninguém, sou eu que me retiro desta casa para que v. ex.a possa continuar a ter a liberdade de defender “a existência de partidos nazis”.

9 comentários leave one →
  1. Janeiro 28, 2014 17:14

    Constituição da República Portuguesa, art.º 46
    “4. Não são consentidas associações armadas nem de tipo militar, militarizadas ou paramilitares, nem organizações racistas ou que perfilhem a ideologia fascista.”

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  2. Janeiro 28, 2014 17:48

    Sinceramente, não sei se tens razão (é uma questão que me deixa confuso: emocionalmente, compreendo-te e acompanho-te; racionalmente, concordo com quem afirma que temos no Parlamento um partido que recusou condenar o estalinismo e que ainda apoia regimes ditatoriais, sendo que eu próprio já votei nele), mas aplaudo o teu respeito por ti mesmo.
    Abraço.
    P.S. – Não posso deixar de apontar a ironia que constitui o título do post imediatamente anterior a este.

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    • Janeiro 28, 2014 18:01

      Carlos, ando a alinhavar uma linhas sobre isto. Mas posso já adiantar-te algo: e as religiões quantos mortos já provocaram? católicos, protestantes, islamistas… E a posição do Vaticano na Segunda Guerra? E o capitalismo? Claro que temos de condenar, todos os genocídios são condenáveis, sem excepção. Isto é complexo, mas…

      PS. Também reparei nisso 😉

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  3. Janeiro 28, 2014 22:59

    É curiosa a sua atitude em tempos de ‘deixa andar’. Não conheço o António de Almeida, não faço ideia se faz parte daquele grupo de pensamento que acha que a escolaridade deve baixar para deixar ao arbítrio dos miúdos estudarem ou não.

    É verdade que não se consegue eliminar a barbárie e a estupidez da superfície da terra mas concordo, em absoluto, que todos os movimentos organizados que têm por base princípios como os fascistas devem ser proibidos. Permiti-los é acolher o ovo da serpente.

    Pode o António de Almeida não ser má pessoa mas defende uma coisa que é indefensável pelo que o louvo a si pela sua atitude tão contra a corrente e tão vertical. Está de parabéns, meu Caro.

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    • Janeiro 29, 2014 01:29

      Obrigado, UJM. Eu também não conheço o A de A de lado nenhum, nem sequer sabia que tal personagem escrevia no Aventar. Imagine a minha surpresa quando descobri isso. Agora, que eles andam aí, lá isso andam.

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  4. Janeiro 29, 2014 00:15

    Decisão mais do que justificada, Marco. Gostei.

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    • Janeiro 29, 2014 01:34

      Gaspar, o Churchill dizia algo como isto durante a IIGM, “se vamos cortar na Cultura para quê lutar?”
      Eu digo, se não lutamos pelos nossos valores que mais é que sobra?

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  5. Miguel Cabrita permalink
    Janeiro 29, 2014 06:11

    O que é o PNR e o Pinto Coelho e de que serve proibir partidos fascistas?

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    • Janeiro 29, 2014 18:10

      Miguel Cabrita, se não sabe a resposta a essa pergunta é porque algo não está bem. Mas eu vou tentar:
      De que serve proibir os assassinos se continuam a matar? De que serve proibir os ladrões se continuam a roubar? De que serve proibir os terroristas se continuam a matar? De que serve proibir os pedófilos se continuam a prevaricar? De que serve proibir o tráfico de pessoas se continuam a traficar? De que serve proibir a escravatura se continuam a escravizar? De que serve proibir o racismo? De que serve a Constituição? De que serve o Código Civil? De que serve a Carta dos Direitos Humanos?… Acho que podia continuar o dia todo. Espero ter respondido.

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