Porto II
Depois da experiência anterior (ver post em baixo) entrei numa loja em que o dono era indiano (talvez) e a empregada uma típica tripeira. Aquilo sim! Voltei aos velhos tempos, o indiano fruto dos muitos anos no Porto virgulava com um filho-da-puta para cima e outro para baixo, “aqueles filhos-da-puta dos CTT perderam-me a encomenda; também aquilo agora é só canalhada, não percebem um caralho de nada” (isto com um sotaque ainda de origem). “Na semana passada estive a falar com um amigo que vive em Londres, disse-me ele que o Porto é um paraíso para os turistas e um inferno para quem cá vive. Repare, está à venda à beira dos Clérigos um T0 por 450 mil euros. Está tudo doido! Filhos-da-puta…” Nunca tinha visto um indiano dizer tantos palavrões. Depois a conversa deambulou para a economia internacional (bolha imobiliária americana), terminou com ele a dizer que a garantia dos produtos devia ser um ano. Pois, disse eu, para vender mais, esperto. Mas olhe que querem o contrário, para evitar mais poluição, os produtos deverão durar mais. “Não pode!!”, disse ele, “a nossa economia de mercado não está preparada para isso, a nossa economia foi construída à volta do consumo. Seria um desastre”. E a conversa foi assim por mais tempo.
A dada altura pensei que íamos todos (os das lojas ao lado já tinham entrado na cavaqueira) beber uma cerveja. Isto, sim, é o meu Porto.