Being Robert De Niro
Há determinados actores que atingem tamanha dimensão que a partir de certa altura representam-se a si mesmos. Ou talvez todos os grandes, não sei. O que me importa agora é falar num deles: Robert De Niro. Ficou tão grande que quando vejo um filme com o Robert de Niro só vejo o Robert de Niro e não a personagem interpretada pelo Robert de Niro (para os mais distraídos, a repetição é propositada). Estão lá todos os tiques, todas as expressões, sempre a mesma representação do De Niro a fazer de De Niro.
Mas há um filme, ou melhor dois que são três em que isso não acontece.
Os dois são as comédias “Analyze This/That” em que o Robert de Niro goza com os tiques do Robert de Niro. Muito bons.
Mas aquele que me trouxe aqui (na verdade não sei o que me trouxe aqui, mas faz de conta, afinal estamos no tema do “faz de conta” e na rede perfeita para isso) aquele em que o Robert de Niro deixou o Robert de Niro um pouquinho de fora é na sua pequena-grande interpretação no “Jackie Brown”. Não sei se se pode chamar àquilo underacting, acho que sim. O De Niro só diz meia dúzia de falas, grunhe bastante, abre a boca muito a custo, vai encolhendo os ombros numa de “pode ser” e pouco mais.
No entanto, comigo funcionou, consegui não ver o Robert de Niro, mas a personagem.