Golpe processual
Há uns anos fui assistir a uma conferência sobre a Guerra Colonial. Acho que era este o tema, mas percebia-se que a discussão ia ser mais alargada. Na final da intervenção passou-se à fase das perguntas do público. Neste encontrava-se alguém que resolveu adulterar toda a conferência e monopolizar a discussão. Fazia mil e uma perguntas e dava as respostas a um ritmo impressionante. O conferencista ia ouvindo as perguntas e as respostas dadas pelo tal interveniente. Ainda não disse, mas ele tinha sotaque de Vera Cruz. O Brasil isto, o Brasil aquilo, para dizer sempre que Portugal estava muito, mas mesmo muito atrasado relativamente ao Brasil. Relembro que a conferência era sobre a Guerra Colonial. O conferencista ouvia impávido e sereno. Até que o organizador da conferência disse, “se não se importa, passarei a palavra ao convidado para responder às suas perguntas”. Quer dizer, nem era preciso, porque o tal tipo do público já tinha respondido. Aguardei com curiosidade a reacção do conferencista. Disse apenas isto: “Há quinhentos anos que o Brasil é um projecto de país, há quinhentos anos que ouço dizer que o Brasil será a próxima potência. Continuo à espera. Próxima pergunta, por favor.”
Depois da vergonhosa intervenção dos deputados do Congresso também continuo à espera. A esperança é a última a votar, dizem.
Ah, e a corrupição, a corrupição, meus amigos, não se combate com corrupitos, mas contra os corrupitos.
Ao ver as imagens na Câmara? ou lá o que era aquilo, veio – me à memória a cena de “O que diz Molero”, (Dinis Machado)imediatamente a seguir a: Chegou uma Esquadra….. (só faltaram os odores)
http://www.m.vermelho.org.br/noticia/279503-1
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É bem lembrado 🙂
Já tinha lido essa, a realidade é tramada.
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