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Memoriando

Novembro 6, 2014

Há uns anos li um livro que não recomendo a ninguém. Quer dizer, aqueles que tiverem muita curiosidade até podem ler, mas não vão descobrir nada de novo. É um policial de temática política. Uma distopia orwelliana em que o governo central europeu (corrupto, burocrático e xenófobo) controla tudo e todos. Dá-nos uma visão pessimista de uma futura União Europeia que ele designa por Estados Unidos da Europa. Nem preciso de dizer que o autor é inglês, pois não? [psst, hei! ainda não disseste o nome do raio do livro pá!] No entanto, é curioso que apesar de ser um livro que diria descartável, lembro-me muitas vezes dele quando vêm à tona estas notícias. O longo caminho percorrido pelos políticos envolvidos em negociatas e corrupções para finalmente serem premiados com altos cargos na estrutura europeia. Lá dizia o garganta funda “follow the money” ou na versão tuga, “sigam o cherne”. [foda-se, man, ainda não disseste o nome do livro!!] Por exemplo, lembrei-me deste livro quando vi o filme “Relatório Minoritário”, não me surpreenderia que o tal escritor inglês tivesse lido Philip K. Dick. Agora que penso nisso, talvez esteja mais próximo do “Admirável Mundo Novo” do que do “1984“. Como sempre acontece nos policiais há um desgraçado que sem dar por isso se vê envolvido nas teias do crime, da burocracia e da corrupção. Uma das passagens que me ficou gravada [daqui a pouco vais ficar com a minha mão gravada da cara se não dizes a porra do nome do livro!!!] acontece numa biblioteca onde o tal desgraçado/protagonista tenta pesquisar o passado dos possíveis envolvidos. As notícias que ele lê são (eram) as actuais, percebe-se que o autor pretende identificar alguns dos altos burocratas europeus. Os jornais, todos digitalizados, foram a fonte da revelação (quando vi o “Relatório Minoritário” lembrei-me disto, claro). Concluindo [não me digas que vais concluir sem dizer o caralho do nome do livro!?!], o autor usa uma técnica batida e gasta: parte de notícias verdadeiras para ficcionar um futuro negro e pessimista. Mas depois um gajo lê as notícias (as de hoje, por exemplo) e… pimba! É tiro e queda [é isso mesmo, já estou a carregar a caçadeira de canos serrados!]. Lá vem o raio do livro à memória. Um livro, pensava eu, que não me iria lembrar dele na semana seguinte, mas o raio da realidade insiste em imitar a ficção. Ah, já me ia esquecendo, o livro é “O Memorando de Aachen” de Andrew Roberts [já estava com o dedo no gatilho…] e já o vi em alfarrabistas a preços bem simpáticos. Mas não recomendo.

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