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Chef d’oeuvre

Maio 17, 2013

Jean-Pierre Melville Le Samouraï 0

É um dos meus filmes da vida, por isso, quando decidi revê-lo foi assim meio a medo. Sempre achei que era uma verdadeira chef d’oeuvre (em francês dá mais cagança) daí o meu receio em estragar uma boa memória. Por quê fazê-lo? Não sei. Enchi o peito de ar e pensei “não há-de ser nada”. Não seria a primeira vez que passados uns anos revia um filme e achava uma valente desilusão. Quando vi pela primeira vez esta masterwork (em inglês não dá tanta cagança, mas em compensação dá um ar cosmopolita) nem conhecia o Jean-Pierre Melville. Com este apelido só conhecia o gajo da baleia branca. Lembrava-me da quase ausência de diálogos, de vários planos em que víamos alguém abrir e a fechar portas, do olhar frio e distante do Samurai, enfim, um daqueles filmes que fica para sempre. Depois de rever não tenho dúvidas que é o papel de uma vida para o Alain Delon, pois àquele olhar frio de durão também se sente uma fragilidade latente, o peso da solidão. Concluindo, ao contrário do que eu temia, os meus receios eram infundados, ainda é melhor, é magnífico.

Depois deste piqueno apontamento pessoal é altura de falar do filme. Não querias mais nada, pois não? Vai aqui o link para descarregar e é um pau (quem é amigo, quem é?). Além de que para escrever sobre ele teria de usar muitos adjectivos e eu não gosto nadinha da escrita rococó. Floreados é na missa em dia de casamento. O Cardoso Pires já disse umas coisas sobre isto, mas agora não me apetece guguelar.

Neste filme, os diálogos são curtos e quase inexistentes, por isso, vou seguir a mesma linha. Como exemplo, poderei dizer que a primeira palavra é dita, mais ou menos, ao décimo minuto e imagine-se o tamanho dela, só isto: Jef. Com três letrinhas apenas se inicia uma obra-prima.

Jean-Pierre Melville Le Samouraï 1

Uma nota final para o Francisco Rocha (do link ali em cima) que, este sim, merecia uma medalha no dia 10 de Junho pelo que tem feito pela divulgação do cinema em Portugal. Como as salas estão todas a fechar, onde mais ver estes filmes? Contudo, quem vai discursar no dia da ração é a Jonet. Volta Jef Costello, tenho uns servicinhos para ti!

Jean-Pierre Melville Le Samouraï 3

Anexos:

http://vimeo.com/47885029

2 comentários leave one →
  1. Maio 21, 2013 12:46

    “no dia da ração” lembra-me o D. Pitta, além da D. Jonet, claro 🙂

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    • Maio 21, 2013 14:09

      Perdiz no dia da ração? é pouco provável 😀

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