“O Homem que corrompeu Hadleyburg”
«Foi há muitos anos. Hadleyburg era, na região, a cidade mais honesta e íntegra. Mantivera essa reputação imaculada durante três gerações e tinha mais orgulho nela, que em qualquer outra das suas riquezas. Tinha tanto orgulho e tanto empenho em assegurar a sua perpetuação, que começava a ensinar os princípios de uma conduta honesta às crianças no berço, e colocava tais ensinamentos no centro da sua cultura, durante todos os anos dedicados à educação. Da mesma forma, durante esses anos de formação, os jovens eram mantidos longe das tentações, de forma a que a sua honestidade tivesse todas as condições para endurecer e solidificar, tornando-se parte dos seus próprios ossos. As cidades vizinhas tinham inveja desta supremacia honrosa e fingiam escarnecer do orgulho de Hadleyburg, chamando-lhe vaidade; mas, mesmo assim, eram obrigadas a reconhecer que Hadleyburg era uma cidade incorruptível; e, se pressionados, também reconheceriam como inegável que um jovem que reclamasse ser de Hadleyburg não precisava de mais recomendações ao deixar a terra natal à procura de um emprego com responsabilidades.»
(…)
O Homem que corrompeu Hadleyburg, Mark Twain (Tradução de José Alberto Oliveira, Ed. Assírio & Alvim)